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Psicoterapia

OS MANUAIS PSIQUIÁTRICOS DOS DIAGNÓSTICOS E A PSICANÁLISE

  • Foto do escritor: Marina Braz
    Marina Braz
  • 27 de mar.
  • 2 min de leitura

Muito se fala dos diagnósticos psiquiátricos na internet, o que dá a sensação de que todo mundo apresenta algum deles. E não é por acaso que isto acontece, pois os manuais  atuais vieram da necessidade de a indústria farmacêutica estadunidense de padronizar as classificações das doenças mentais a fim de mostrar a eficácia de seus psicofármacos para determinadas sintomatologias, consecutivamente, vendê-los mais. Isto gera uma série de controvérsias que confundem os clínicos que se orientam pelos manuais e a população leiga, que dá um direcionamento problemático ao seu sofrimento.


No entanto, o que se percebe na clínica é que as psicopatologias são mais complexas do que meras definições dos manuais. Primeiro, porque o adoecimento psíquico não encontra correspondentes fisiológicos exatos como em doenças não-psíquicas. Não há um lugar exato onde podemos apontar e dizer que é lá onde ocorre a depressão, por exemplo. Até mesmo para prescrever um tratamento psiquiátrico é preciso experimentar combinações de fármacos diferentes para haver alguma melhora dos sintomas. Segundo, porque as classificações são influenciadas pela cultura da época, o que não se encaixa na cultura é visto como doença. Atualmente, se alguém não tem os requisitos para uma sociedade que visa a produtividade, a pessoa pode ser diagnosticada com TDAH. Terceiro, o positivismo médico insiste em reduzir o ser humano em biológico, acreditando ser possível extirpar de vez o sofrimento da vida das pessoas com medicamentos e ignora o fato de que somos atravessados por muitos fatores externos e pela subjetividade de cada sujeito. 


Tanto a Psicanálise quanto outras abordagens da Psicologia entendem esta complexidade e trabalham com o sofrimento psíquico de forma diferente. Procura-se diminuir o uso dos diagnósticos de manuais que negam as tantas camadas do sofrimento e se dá prioridade a uma condução do sofrimento a partir da subjetivação e da fala, como meios de tornar o sofrimento palatável, a fim de suportar as castrações da civilidade. A subjetividade é comprovadamente importante para elaborar esses mal-estares, pois a palavra é a via de escoamento do insuportável.


Não que se deva deixar de lado o uso de psicofármacos, mas entender, junto a um profissional coerente em sua prática, quando realmente eles são necessários. Pois, infelizmente, também é característica da nossa cultura a dificuldade de parar alguns instantes e elaborar subjetivamente sobre o sofrimento que lhe aflige, recorrendo a tratamentos medicamentosos que nem sempre terão o resultado desejado.

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